Remédio para memória e concentração

Smart drugs: o aumento do uso de pílulas para ‘turbinar’ o cérebro no trabalho

Estresse, lapsos de memória, falta de foco, cansaço, sobrecarga no trabalho, baixa produtividade… a lista de problemas no seu dia a dia de trabalho é extensa. Qual profissional nunca sofreu com algum deles? E mais, quem nunca pensou como seria bom se existisse uma pílula para resolver estas questões? É neste cenário que um remédio para memória e concentração pode conquistar uma legião de fãs.

Também conhecidos como smart drugs ou nootrópicos, estes medicamentos têm como principal função aumentar a capacidade cognitiva. Por isso, os compostos tanto químicos como naturais se popularizaram em ambientes universitários, de empresas de tecnologia e agências. A venda dos suplementos que potencializam o cérebro já passou de US$ 1 bilhão no mundo todo, em 2015, como mostra este artigo do British Medical Journal.

Imagine então que você, como gestor(a), ficou sabendo que alguns dos seus funcionários usam drogas cognitivas ou remédio para memória e concentração. A situação parece um tanto inusitada no momento, mas pode não ser no futuro. E se você pudesse ingerir uma pílula para estimular seu cérebro e aumentar as receitas da sua empresa, você aceitaria? A seguir, aprofundaremos o tema, que, apesar de tabu para muitas pessoas, vem se espalhando entre empreendedores e ganhando destaque no Vale do Silício.

Veja tudo o que você vai encontrar neste artigo:

 
 

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Histórico e fama das smart drugs

O termo nootrópico, na verdade, não é novo. Foi inventado pelo psicólogo e químico Corneliu Giurgea, no início da década de 1970, ao sintetizar pela primeira vez o Piracetam para combater a ansiedade.

A partir da década de 1990, alguns remédios, como Ritalina e Modafinil – prescritos para déficit de atenção e hiperatividade -, começaram a ser usados por estudantes nos Estados Unidos, com o objetivo de aumentar a concentração nos estudos e conseguir melhores notas.

É fato que, em sua origem, essas smart drugs serviam ao propósito de tratar distúrbios como os mencionados acima, além de epilepsia, narcolepsia e Mal de Alzheimer. No entanto, com o decorrer do tempo, as pessoas saudáveis passaram a utilizar remédio para memória e concentração como estimulante para impulsionar seu desempenho no trabalho.

No Brasil, a Ritalina também se tornou conhecida anos mais tarde e teve aumento de 775% no consumo entre 2002 e 2013, segundo a pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

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Crise criativa e o NZT

As smart drugs devem muito da sua fama ao filme Sem Limites. Lançado em 2011 e protagonizado por Bradley Cooper, o roteiro conta a história de um escritor em crise criativa e que passa a ingerir uma pílula fictícia chamada NZT.

Com o comprimido, seu cérebro começa a funcionar em uma velocidade incrível, o que promove sua evolução profissional. O filme incentiva o aproveitamento de “um potencial inexplorado”, só que nem todas as informações sobre o cérebro procedem, conforme explica essa matéria da BBC.

 

Apesar do filme recente, os estudos sobre ampliar o limiar intelectual são mais antigos. Esta pesquisa de 1954 relata a experiência pessoal de Aldous Huxley, que usou compostos químicos para tentar entender e expandir sua mente. Depois do experimento, o escritor e filósofo inglês escreveu o livro As Portas da Percepção e concluiu que é possível potencializar o cérebro.

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Quem procura um remédio para memória e concentração?

Entre os estudantes americanos, é comum utilizar a Ritalina e outros remédios para melhorar sua concentração em sala de aula. Esta pesquisa revela que 18% dos alunos de universidades de elite como Harvard e Yale usaram alguma substância durante o ano letivo.

As smart drugs também passaram a frequentar as bolsas de valores dos Estados Unidos e os negócios tecnológicos. Além deles, os banqueiros e advogados aderiram aos remédios inteligentes. O Modafinil, inclusive, já foi considerado, em 2008, a “droga escolhida pelos empreendedores”.

 

Não há dúvidas do crescimento dessas pílulas e, para tentar suprir a demanda do mercado, já tem startups que oferecem remédio para memória e concentração no Vale do Silício.

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Quem já testou as drogas inteligentes

Hoje CEO do Bulletproof em que aborda a otimização de desempenho, Dave Asprey explicou, em entrevista, que o uso já é comum nos cargos mais altos das empresas. “As pessoas inteligentes querem controlar sua própria biologia. Nós entendemos que podemos criar suplementos personalizados que auxiliem o cérebro a trabalhar melhor”, comentou.

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Michael Schrage, pesquisador do assunto no Center for Digital Business do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), vê cada remédio para memória e concentração dentro de uma grande área de aperfeiçoamento de desempenho, junto com análise de dados, nutrição e comportamento. “Onde você pode desenhar a linha entre energético, seis xícaras de café e um medicamento de prescrição que o mantém mais alerta”, refletiu.

Já Tim Ferriss, empresário e investidor de empresas como Evernote, DailyBurn e Shopify, lidera um movimento para hackear a própria mente. Ele contou que mistura suplementos naturais e compostos sintéticos para encontrar os melhores estimulantes.

 

O jornalista britânico Johann Hari falou aqui sobre sua experiência com as smart drugs e como sentiu sua mente turbinada, trabalhando mais focado e mais rápido. Mas, por causa da falta de estudos sobre danos ao cérebro e os riscos futuros, interrompeu seu experimento.

Mas o remédio para memória e concentração funciona?

Em geral, as smart drugs propõem benefícios para evitar a perda de concentração, melhorar a capacidade de memória, aumentar a produtividade, diminuir o efeito das horas sem dormir e manter o controle do sono. Cada medicamento, contudo, pode ajudar você em variadas situações.

Proprietário do podcast Smart Drug Smarts, Jesse Lawler garante o funionamento das pílulas: “as smart drugs são apenas outra forma de tecnologia para potencializar nossa biologia básica”.

Embora Lawler assegure a eficácia do remédio para memória e concentração, ainda não há um consenso em relação aos reais efeitos – as pesquisas não apresentam resultados conclusivos. Uma parcela dos estudos mostra ganhos para pessoas saudáveis, enquanto outros não vêem vantagens. Isso sem contar a falta de informações sobre as consequências no longo prazo – após 10 ou 15 anos de uso.

Esta pesquisa do National Center for Biotechnology Information destaca a melhora da memória e do foco com o Modafinil. Porém, alerta para efeitos colaterais negativos, como privação do sono.

 

Professor de neurociência da Universidade do Texas, Lucien Thomson também coloca em dúvida a eficiência dessas drogas: “Se você tomar algo para melhorar a memória, por exemplo, estará afetando também outras funções cerebrais, com efeitos imprevisíveis”.

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As smart drugs mais conhecidas

Já mencionamos anteriormente o Piracetam, a Ritalina e o Modafinil. Agora vamos conhecer melhor cada remédio para memória e concentração e algumas substâncias naturais:

1. Piracetam

  • Faz parte dos racetams, utilizados no tratamento de doenças neurológicas;
  • Remédio contra: epilepsia;
  • Usado para: aumento da atenção, da memória de longo prazo e facilidade de aprendizado;
  • Efeitos colaterais: sonolência e ganho de peso.
 

2. Ritalina (Metilfenidato)

  • Estimulante mais usado no mundo. É da família das anfetaminas;
  • Remédio contra: transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e narcolepsia;
  • Usado para: melhorar a atenção e a concentração, facilitar a memória e o aprendizado, e deixar mais alerta;
  • Efeitos colaterais: pressão alta, arritmia, perda de sono e de apetite.
 

3. Modafinil

  • Conhecida também como Stavigile no Brasil, e como Provigil, Vigil, Modavigil, no exterior;
  • Remédio contra: narcolepsia e sonolência diurna por apneia do sono;
  • Usado para: aumentar atenção, concentração, memória verbal e numérica;
  • Efeitos colaterais: pressão alta, tontura, náuseas, perda de sono e de apetite, e arritmias cardíacas.
 

4. Adderall

  • Remédio contra: déficit de atenção. Tem efeito semelhante à Ritalina, porém é mais potente;
  • Usado para: aumentar a atenção e a concentração, facilitar a memória e o aprendizado;
  • Efeitos colaterais: ansiedade, impulsividade, arritmia, insônia e até risco de dependência com uso excessivo.
 

5. Ashwagandha (Withania somnifera)

  • Suplemento de ervas;
  • Usado para: combater a ansiedade e aumentar o foco;
  • Efeitos colaterais: dor de cabeça, queda da pressão arterial, úlceras no estômago e distúrbios da tireoide.
 

6. Bacopa monnieri

 
  • Planta nativa da Índia;
  • Usado para: melhorar a atenção, o aprendizado e a memória;
  • Efeitos colaterais: cólicas, náuseas, boca seca, fadiga, bradicardia, úlceras e obstruções gastrointestinais, e distúrbios da tireoide.
 

Aqui e aqui, você encontra mais compostos e potencializadores cognitivos.

Como ter acesso a esses medicamentos

A maioria dos remédios inteligentes só tem uso com prescrição médica. No entanto, já houve até um manifesto de pesquisadores de sete universidades americanas pedindo sua liberação.

No Brasil, as smarts drugs são controladas e precisam de prescrição. Então, é importante usar todas as informações disponíveis para saber sobre a procedência de cada remédio para memória e concentração, quais as substâncias presentes, o que pode fazer mal à saúde e os efeitos colaterais.

MindMed 

Em um artigo recente, a Fast Company abordou essa questão contanto a história da MindMed, uma startup do Vale do Silício, que estuda o uso de micro-dosagens e está em busca da legalização de ativos psicodélicos para o tratamento de vícios e potencialização da capacidade da mente humana. 

Apesar de os resultados atuais serem inclusivos, tanto do ponto de vista legal – o que claro, depende das leis de cada país e/ou estado – quanto da efetividade desses ativos e dos possíveis efeitos colaterais que essas drogas podem trazer para nós. 

Os estudos se concentram em um componente, o 18-MC, que teria o potencial para desligar uma pessoa dos vícios (em cocaína, metanfetamina, morfina, açúcar, álcool), da mesma forma que ligamos e desligamos uma lâmpada, como se fosse um interruptor. Porém, os testes de eficácia ainda não foram realizados em humanos. 

Além disso, existem as pesquisas com a micro-dosagem de LSD, algo que já pode ser considerado comum no Vale do Silício. Entretanto, essas doses devem ser administradas com cuidado, já que muitos trabalham e não tem tempo para uma “viagem de oito horas”, caso consumam uma dose maior do que a suportada pelo organismo. Porém, James Fadiman, amplamente considerado o pai da microdosagem, afirma que ao invés de uma viagem digna de Lucy in the sky with diamonds, o mundo teria uma aparência normal, só que com cores mais saturadas, como se você recebesse uma uma receita nova para o seus óculos. 

Porém, como já dito acima, não existe nenhum indício de que a MindMed tenha seus objetos de pesquisa liberados para consumo tão cedo, até mesmo levando em consideração que outras drogas que já provaram sua eficiência terapêutica e no combate de algumas doenças, como a maconha, são legalizadas em apenas alguns estados dos Estados Unidos.

Remédios falsificados e compra sem receita

Mas o pior cenário no acesso e consumo das smart drugs é o risco criado pelo mercado ilegal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que cerca de 15% dos remédios vendidos no mundo são falsificados.

 

E tanto os medicamentos falsos, como os sem registro e os contrabandeados trazem perigos à saúde. Segundo pesquisa da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), 9% dos brasileiros entrevistados disseram que já compraram remédios pela internet, e 28% admitiram adquirir medicamento de tarja vermelha ou preta sem ter receita do médico.

Onde entra a ética nesta história de smart drugs

Além das polêmicas em torno da eficácia, do acesso e da compra das pílulas, outro debate aborda a ética relacionada ao uso de remédio para memória e concentração. A questão levantada é até que ponto o aumento do desempenho cognitivo pode ser encarado como um “doping intelectual” nas universidades e nas empresas.

A situação é comparada aos esportes profissionais, que têm regras contra a utilização de substâncias que melhoram o rendimento dos atletas. Algumas entidades esportivas, como a americana National Collegiate Athletic Association, até baniram o uso de drogas inteligentes sem diagnóstico de TDAH.

O psicólogo Vince Cakic, da Universidade de Sidney, afirmou, em artigo para o Journal of Medical Ethics, que no futuro os estudantes provavelmente terão que se submeter a exames de urina. Porém, ele acredita que o consumo de drogas cognitivas deva ser considerado uma extensão natural do processo educacional.

É fato que a discussão está longe de acabar. A organização americana Intelligence Squared debateu com especialistas sobre a validade de universitários tomarem as drogas inteligentes, ou se é trapaça. Você pode ver o vídeo aqui em que eles tratam sobre os riscos e benefícios, quando deve ser permitido o uso e como as drogas podem evoluir a inteligência cognitiva.

E no dia a dia do trabalho como fica

 

As discussões sobre a ética incluem a rotina das empresas. Como os gestores devem se portar em relação ao tema? Como serão vistos os colaboradores com raciocínio, foco e atenção otimizados pelas smart drugs? Os colegas poderiam se sentir compelidos a consumir as pílulas para também turbinar o seu rendimento? E será que o melhoramento cognitivo com remédio para memória e concentração pode aumentar a pressão por resultados?

O que diz a legislação sobre as drogas inteligentes

No Brasil, na verdade, não há lei específica para remédio para memória e concentração. O problema é que, frequentemente, os medicamentos prescritos para tratar déficit de atenção ou hiperatividade acabam desviados para outras pessoas saudáveis. Ou pacientes simulam sintomas para conseguir a receita. Isso sem falar em receitas ‘compradas’ e nas vendas irregulares quando a farmácia aceita comercializar sem o receituário.

Nessas situações, existem penalidades previstas. A farmácia que vende remédios controlados sem receita pode ser advertida inicialmente, multada (entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão), interditada e até ter o alvará cancelado.

Para o farmacêutico, há ainda um agravante. A venda sem receita de medicamento controlado, de tarja vermelha ou preta, configura crime, com pena de um a três anos de prisão. E, caso o remédio tenha alguma substância entorpecente presente na lista da Anvisa, se enquadra como tráfico de drogas, com pena de três a 15 anos de prisão.

 

Em outros países, existem certas regulamentações sobre as smart drugs. No Reino Unido, por exemplo, é legal possuir e usar o Modafinil sem receita médica. Já, nos Estados Unidos, é proibido.

Como potencializar a sua produtividade sem as smart drugs

Apesar do remédio para memória e concentração ser tentador, ainda existem algumas incertezas. E para quem procura outras maneiras de turbinar o seu dia a dia sem as smart drugs, um estilo de vida saudável ajuda a evitar problemas cognitivos. Os exercícios físicos, a alimentação adequada e o sono de boa qualidade são fundamentais para manter o corpo em ordem e a mente sã.

A meditação e a técnica de mindfulness são outras atividades que podem melhorar sua energia, evitar o estresse no trabalho e prevenir o esgotamento mental.

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